Céu de hoje – 10/07/22

Bom dia e bom domingo queridos e queridas!

Vamos dar uma olhada no céu?


Neste momento a Lua crescente caminha por Sagitário, aplicando-se por trígono à Júpiter em Áries. Uma configuração afortunada! Bom momento para tomar ações que requerem uima dose extra de boa sorte. A Lua ligando-se à Grande Fortuna, por um bom aspecto e com recepção, estando Júpiter em triplicidade e nos termos de planeta benéfico – vênus, é favorável para o início de novos projetos.

Mercúrio peregrino em Câncer caminha para a Combustão com o Sol. Não obstante estar em signo mudo, sem voz, ainda está em conjunção aplicativa ao Sol, bastante problemático para os assuntos governados por Mercúrio. Vênus encontra-se Peregrina, em signo masculino, nos termos de Marte, em trígono aplicatovo à Saturno retrógrado em aquário. Não temos um bom cenário para Vênus, está essencilmente fraca e com um aspecto à um maléfico retrógrado, o trígono por si indica que o assunto ocorre de modo harmônico, com sutileza, amigavelmente, mas o contato com o grande maléfico, planeta radicalmente frio e seco, geralmente não  é tão amistoso como um trígono pode parecer. O Sol transita por câncer, sem maiores dignidades, peregrino, no domicílio da Lua e logo estará domiciliado, em seu próprio trono. O Local de domicílio dos Luminares, são locais únicos no céu, são locais associados à Luz,  vida, boa fortuna. O sol não forma novos aspectos com os demais planetas além de Lua e Mercúrio, até entrar em Leão.

Marte está nos termos de Vênus, e no domicílio de Vênus, contrariando sua natureza masculina e  quente, o ambiente aqui é feminino e frio, embora esteja em triplicidade e em signo noturno, marte sofre a debilidade maior de exílio em Touro. Os temas associados à Marte não vão tão bem. Júpiter transita por Áries, local onde tem dignidade por triplicidade e não sofre debilidades maiores, nos termos de vênus, uma configuração boa de modo geral –melhor que isso só estando em exaltação ou domicílio, bom para os assuntos ligasos à Júpiter. Saturno mais uma vez retrógrado em Aquário, o cão que não quer largar o osso, com preguiça de sair de sua zona de conforto – Aquário é o local de domicílio e alegria de Saturno. Saturno pode relembrar alguns eventos, temas, assuntos, pessoas do passado, voltar atrás em decisões, e indicar de modo mais acentuado a lentidão, atraso e retardo que já lhe são característicos por natureza.

O domingo vai bem! E espero que a semana também para todos nós!
Forte abraço!
Rafael Diniz.

*** Agenda está aberta para novos atendimentos astrológicos. Chama! Estou te aguardando.

– Eletiva e Magia Astrológica – Lunação de Virgem



A Lunação de Virgem tem seu início no dia 06/09 (segunda-feira), quando tradicionalmente Lua e Sol formam conjunção exata, assinalando um novo ciclo de 28 dias. Citarei neste breve texto os principais eventos astrológicos que ocorrem dentro deste Ciclo, bem como os melhores e piores momentos em termos Eletivos e ainda ressaltar alguns momentos apropriados para a prática de Magia Astrológica – seja esta com o intuito de construir Talismas Astrológicos, a prática de Remediações Astrológicas ou ainda a Prática Fetchista de Magias, Simpatias e Sortilégios para os mais diversos fins, conforme a necessidade de cada um.

No dia 06/09 temos Saturno Rx e Júpiter Rx em Aquário, Marte Sol e Lua em Virgem, Vênus e Mercúrio em Libra.

– Planetas Mudando de Signo:
*10 de Setembro – Vênus, o pequeno benéfico,  deixa seu domicílio diurno, Libra – para ingressar em Escorpião, seu Exílio Noturno, sofrendo grande perda de Dignidade Essencial.

* 14 de Setembro – Marte, o Pequeno Maléfico, deixa o signo de Virgem, onde possuía dignidade por triplicidade, e ingressa em Libra, seu Exílio Diurno, sofrendo grande perda de Dignidade Essencial.

*22 de Setembro – Sol ingressa em Libra, local de sua Queda, dando início à uma nova estação do ano. No Hemisfério Norte do Planeta, temos o Equinócio de Outono, e no Hemisfério Sul temos o Equinócio de Primavera – Dia e Noite são iguais, e possuem a mesma duração. Momento importante para diversos calendários litúrgicos.

*27 de Setembro – Mercúrio assume momvimento retrógrado em Libra. O Movimento retrógrado, é um movimento “aparente” do ponto de vista geocêntrico, em termos astronômicos Mercúrio não anda para trás de fato, mas para nós – observadores terrenos – temos esta impressão ao observarmso Mercúrio no céu noturno, retrocedendo.



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– Eletiva Astrológica

*06/09 – Ruim – Lua Combusta
*07/09 – Ruim – Lua Combusta, Conjunção com Marte
*08/09 – Médio – Lua em Libra, Conjunção com Mercúrio (Bom para mídia, escrever, mensagens, atividades de natureza mercurial)
*09/09 – Bom – Lua em conjunção com Estrela Fixa Spica (24º07’ – 2021) e Vênus, em Recepção. – Bom para assuntos Venusianos (Artes, Estética, Diversão, Lazer, Prazer, Amor, Relacionamentos, Mulheres, Feminino, Mãe)
*10/09 – Ruim – Lua em Escorpião – Lua em queda e na Via Combusta.
*11/09 – Ruim – Lua em Queda, Sextil Marte – Recepção (Bom para coisas Marciais)
*12/09 – Ruim – Lua em Sagitário, conjunta ao Nodo Sul (Nodo Maléfico, da natureza de Marte e Saturno)
*13/09 – Bom – Lua em Sagitário em Sextil à Júpiter – Recepção. (Bom para atividades Jupterianas)
*14/09 – Ruim – Lua em Capricórnio, em Exílio.
*15/09 – Ruim – Lua em Capricórnio, em Exílio.
*16/09 – Ruim – Lua em Aquário, em Conjunção com Saturno  (Bom para atividades Saturninas)
*17/09 – Bom – Lua em Aquário em conjunção com Júpiter
*18/09 – Médio – Lua em Peixes, em Trígono com Vênus em Exílio
*19/09 – Médio – Lua em Peixes, em Triplicidade
*20/09 – Ruim – Plenilúnio – Lua em Oposição ao Sol
*21/09 – Ruim – Lua em Áries em Oposição à Marte e Sextil à Saturno – Lua Sitiada
*22/09 – Ruim – Lua em Áries em Oposição à Mercúrio
*23/09 – Bom – Lua em Touro, em Exaltação. (Bom para assuntos Lunares / Venusianos)
*24/09 – Médio – Lua em Touro, Oposição Vênus
*25/09 – Médio – Lua saindo de Touro para Gêmeos, conjunção nodo norte, trígono com o Sol
*26/09 – Médio – Lua em Gêmeos, trígono com Saturno em aquário, trígono Marte em Libra
*27/09 – Bom – Lua em Gêmeos, em trígono com Júpiter em aquário e Mercúrio em Libra (Recepção)
*28/09 – Médio – Lua em Câncer, domiciliada, porém sofrendo quadratura do Sol e Marte
*29/09 – Bom  – Lua em Câncer, domiciliada – Livre de Aflições
*30/09 – Médio – Lua em Quadratura com Mercúrio, trígono com Vênus exilada em escorpião.
*01/10 – Médio – Lua em Leão, em sextil ao Sol (Recepção), sextil à Marte exilado em libra e sofrendo oposição de Saturno.
*02/10 – Ruim –  Lua em Leão, e quadratura com Vênus e Oposição Júpiter e sextil com Mercúrio retrógrado.
*03/10 – Médio – Lua em Virgem, em triplicidade, livre de aflições, porém com pouca luz.
*04/10 – Ruim – Lua em Virgem, forma Sextil com Vênus em Escorpião (exilada) local de Queda da Lua, e a Lua no local de queda de Vênus, Lua com muito pouca luz.
*05/10 – Lua combusta em libra.

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– Magia Astrológica

*09/09 – Lua em Libra, em conjunção com Spica e Vênus – Bom para Magias, Talismãs ou Remediações de Vênus.

*13/09 – Bom – Lua em Sagitário em Sextil à Júpiter – Bom para Magias, Talismãs ou remediações de Júpiter.

*16/09 – Lua em Aquário, em conjunção com Saturno – Bom para Magias, Talismãs ou Remediações de Saturno.

*29/09 – Lua em Câncer, Domiciliada, Livre de Aflições – Bom para Magias, Talismãs ou Remediações da Lua.


Observações:
**Magia: Pode-se fazer magias, sortilégios, simpatias, orações de sua fé de modo geral. Desde agradar um determinado orixá ou deus grego da natureza do planeta em questão ou até mesmo liturgias católicas envolvendo os anjos/arcanjos associado ao planeta em questão.

**Talismãs Astrológicos: Pratica antiga, Medieval, de confecção de talismãs astrológicos, que busca “ancorar” a natureza de um planeta num determinado objeto com atribuições magísticas associadas à este planeta, num determinado momento astrológico favorável (Eletiva). Tal prática se destina aos planetas bem configurados da carta natal do indivíduo, e é desaconselhado fazer talismãs para planetas mal configurados na natividade. Aos planetas mal configurados, se destina a prática de remediações astrológicas.

**Remediações Astrológicas: Prática que busca “apaziguar” os “efeitos” ruins dos planetas mal configurados na natividade, existem várias práticas de remediação, como a prática de Mantras Astrológicos no dia e hora do planeta, bem como a prática de Caridade Astrológica – que resumidamente seria presentar uma pessoa ligada à natureza do planeta, com um objeto associado ao planeta, na hora e dia do planeta. Ex: Para remediar uma Lua ruim do mapa natal, daí poderia presentar uma Mulher/ Mãe (Lua) na hora astrológica da Lua, no dia da Lua, com um presente Lunar (algo feminino, branco, delicado, etc…). As remediações podem ser indicadas pelo Astrólogo que realiza a análise do Mapa Natal.

Tenha uma boa Lunação de Setembro!
Obrigado por estar aqui!
Rafael Diniz,
Sírius Astrologia Tradicional.

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Obrigado!

Combustão em Leão e Áries, Uma exceção à regra!

“Mas o Sol destrói planetas por combustão quando não os recebe por forte recepção, isto é por domicílio ou exaltação.” – On Reception, de Masha’allah Ibn Athari” na tradução de Clélia Romano, DMA. “Sobre Recepção”.

Queridos leitores de nossa página!

Mercúrio neste momento está em Áries, unindo-se ao Sol por conjunção. É comum pensarmos que a Combustão é uma forte debilidade acidental, mas existe uma exceção nesta regra, Segundo Masha’Allah, William Lilly e descrito por Clélia Romano, vamos ver?

A autora Clélia Romano, DMA, comenta esta passagem, no Livro acima citado, dizendo que aqui temos uma importante exceção relacionada à Combustão. Se o Sol estiver em Leão ou Áries, onde está domiciliado e Exaltado respectivamente e conjunto à um determinado planeta, neste caso ele Recebe o planeta por Conjunção. Ela ainda explica que este é o único momento em que o efeito da combustão não é destruidor, não destrói os assuntos do planeta que se une ao Sol. Esta exceção então beneficiaria apenas planetas em Leão ou Áries, unidos ao Sol.

Ela ainda cita uma horária descrita por William Lilly, Biblioteca Sadalsuud, em Astrologia Cristã, na página 219, sobre a compra de uma casa em que Vênus está a 14º de Áries e o Sol a 20º do mesmo signo, ambos são significadores, e William Lilly considera a perfeição da questão porque Vênus vai se unir ao Sol, enquanto quesito, e ela reforça que neste caso o Sol estava em Áries, recebendo Vênus por exaltação. E vejam que o assunto não foi destruído, segundo Lilly, pelo contrário, o assunto foi levado à perfeição.

Sírius Astrologia Tradicional,
Rafael Diniz.

– Grupo de Estudos – Sírius Estudos Astrológicos (SEA) – Grupo 1 –

***Módulo 1: Introdução aos Fundamentos

– Definição e Apresentação de Astrologia Tradicional
– Eclíptica, tipos de Zodíaco, Zodíaco tropical
– Signos e Dignidades e Debilidades Essenciais
– Os Planetas, Movimento, Velocidade, Significados e Regências
– Casas Mundanas, Dignidades e Debilidades Acidentais
– Aspectos e Relações Planetárias
– Antíscia e Contra-Antíscia
– Disposição e Recepção

***Módulo 2: Principais Conceitos de Astrologia Horária
– O que é Astrologia Horária
– Considerações antes do Julgamento
– A Eleição dos Significadores
– Interpretação de Aspectos em Horária
– Recepção e Recepção Mútua
– Translação e Coleção de Luz e Virtude
– Impedimentos e Proibições
– Preceitos de Astrologia Horária de Sahl Ibn Bishr
– Preceitos de Astrologia Horária de Mashallah
– Estudos de Casos
Faça já sua inscrição!

Rafael Diniz.
Sírius Astrologia Tradicional.



Alguns dos tópicos que serão abordados em nossos estudos:

Recepção – Parte 2

Dando continuidade aos nossos estudos, no último artigo escrevi sobre Disposição e Recepção Clássica, conforme investigamos nas obras do período Medieval, nesta segunda parte do artigo gostaria de estender o assunto trazendo maiores referências e explicando o significado prático das Recepções.

Algo que gosto de fazer é buscar certos fundamentos em mais de uma obra astrológica para perceber similaridades e também diferenças, de autor para autor, na aplicação de tais fundamentos e na teoria que os cerca. Deste modo, busquei em algumas obras, que vou citar adiante, o significado do conceito de Recepção e sua forma de aplicação dentro de uma carta astrológica.

“A recepção dos planetas é quando um planeta está unido a outro planeta a partir de seu próprio domicílio ou sua própria exaltação; então ele o recebe com um bom espírito e em uma recepção perfeita. Há também outra recepção que está abaixo desta, ou seja, é menor do que esse tipo, a saber: quando um planeta está unido ao governante de sua própria triplicidade e termos ou ao governante dos termos e da face, ou seja, quando ele está unido a um planeta que tem em seu próprio lugar duas ou mais dessas dignidades menores; e então será uma verdadeira recepção. Mas se houver apenas uma, não haverá recepção ali; e ele diz isso porque algo diferente disso foi transmitido sobre isso, e por um astrólogo habilidoso, é dito que não tem importância. Um exemplo disso é quando a Lua estava em Áries e está unida a Marte, que é o governante de Áries , então Marte a receberia porque ela está em seu domicílio ou quando ela se juntou ao Sol, que é o regente de sua exaltação [naquele signo]. Ou ela estava em Touro e se uniu a Vênus ou em Gêmeos e unida a Mercúrio. Essa é uma recepção perfeita.” – Sahl Ibn Bishr, The Introduction to the Science of the Judgments of the Stars. Tradução da versão Latina para o Inglês por James Holden.

Veja que a descrição do conceito de Recepção, por Sahl Ibn Bishr, que viveu entre os séculos VIII e IX e foi um renomado astrólogo, servindo inclusive ao vizir de Bagdá, é exatamente aquilo que foi descrito na Primeira Parte do nosso artigo. Trago a descrição de Sahl para vocês poderem verificar por si mesmos, e com clareza, o significado deste conceito. Há muita divergência sobre “Recepção” na modernidade, então se faz necessário buscar nas várias obras antigas as definições corretas deste conceito, afim de espantar potenciais equívocos. Note que Sahl enfatiza que a recepção com apenas uma dignidade menor, não é uma recepção de fato, outros astrólogos vão dizer que esta é uma recepção “fraca”, e que a verdadeira recepção ou recepção “perfeita” dá-se quando o planeta “A” está em uma dignidade Maior pertencente ao planeta “B” enquanto aspecta este, ou em DUAS dignidades Menores simultaneamente. Veremos a repetição desta mesma definição mais à frente. É importante saber que o conceito de recepção faz parte da estrutura fundamental da Astrologia, este conceito é citado ao longo de toda a obra de Sahl, inclusive é sua “Sexta Consideração” sobre a Força dos Planetas: “O sexto é quando ele é recebido.” A recepção é um dos critérios utilizados por Sahl para determinar a força de um planeta. Aqui evidenciamos a utilização de Recepção em Astrologia Horária.

“E quando o primeiro e o segundo senhores da triplicidade do ASC estão cadentes dos ângulos e também estão impedidos de outra forma, eles significam uma curta duração da vida do nativo, especialmente se Saturno estiver em um ângulo em natividades noturnas ou Marte em natividades diurnas. Mas se a Lua é recebida, significa bondade de criação, e a benevolência dos homens para com ele, e muitos irmãos, aliados e amigos.” – Abu Ali Al-Khayyat, Julgamento das Natividades. Tradução da versão Latina para o Inglês por James Holden.

Abu Ali Al-Khayyat viveu no mesmo período que Sahl Ibn Bishr, entre os séculos VIII e IX, foi discípulo de Mashallah – que escreveu um livro importante de Astrologia Horária tratando justamente do tema de Recepções, para vocês verem a importância deste conceito. Que foi absorvido de Mashalah para Abu Ali. Na obra de Abu Ali, ele aplica o conceito em Natividades em sua obra Julgamento das Natividades. Note que no trecho citado acima, ligado ao Primeiro Capítulo da obra, Abu Ali diz que se os dois primeiros Senhores da Triplicidade do Ascendente estiverem mal configurados, significam uma condição ruim para a vida do nativo – sugerindo uma curta duração de vida para o nativo, principalmente se o Maléfico contrário à seita da natividade se encontrar angular. E então vem a cereja do bolo: Ele diz que se a Lua é RECEBIDA, significa bondade de criação e a benevolência dos homens para com ele, muitos irmãos, aliados e amigos – ou seja, numa carta onde há condições ruins para o nativo, uma Lua em recepção pode elevar a qualidade da natividade e diminuir os problemas enfrentados pelo nativo, trazendo benevolência e amigos que vão dar suporte ao nativo.


“Além disso, se o senhor do ASC e da Lua estão em ângulos, livres dos aspectos dos planetas maléficos e de impedimentos, e ela se aplica a planetas em ângulos, eles prometem prosperidade para o nativo, especialmente se forem recebidos.” – Abu Ali Al-Khayyat, Julgamento das Natividades. Tradução da versão Latina para o Inglês por James Holden.

No Sétimo Capítulo da obra de Abu Ali, ele nos fala novamente sobre Recepção, tratando agora sobrea Prosperidade e Adversidade do Nativo. Perceba que ele enfatiza a condição de RECEPÇÃO como um fator ESPECIAL que eleva ainda mais a condição de prosperidade determinada pelas configurações citadas na natividade. Aqui temos indicadores fortes de como podemos compreender e interpretar as Recepções dentro das Natividades.

“[Abbr. III.52-55] Reception is whenever, with a star being situated [somewhere], and with another one in the domicile of [the first one] chasing after it, the one placed [there] receives, from the one chasing, what it conveys and offers. For the other occupations of dignities are not very efficacious unless two [dignities] come together in one [planet]: like triangularity and the bound, or the bound and face, or the like.

And there is another kind of reception: when some on of the planets occupies the trigon of the other, or the hexagon together with it, [but without an application, though reception with an application is stronger].

And moreover, if one is arising by as many degrees as another, [or] even if the days of one sign were equal to those of another, or if even the two signs belonged to one Lord.

[Gr. Intr. VII.5.1108-24] Reception is that a planet would be joined to a planet from the domicile of the one to which it is joined, or from its exaltation or bound, or from its triplicity or face, and it would receive it. Or, a planet would be joined to a planet, and the receiver of the conjunction is in the domicile of the pusher or in the rest of its dignities which we said before. And the stronger of these will be the Lord of the domicile or of the exaltation. However, if the conjunction were only with the Lord of the bound or the Lord of the triplicity, or with the Lord of the face, the reception will be weak, unless the bound and triplicity are being joined, or the bound and the face, or the triplicity and the face: because then it will be a perfected reception.” Os trechos acima são atribuídos à Abu Mashar, estão presentes na Obra “Introductions to Traditional Astrology: Abü Ma’shar & al-Qabïsï.” do Dr. Benjamin Dykes.

O Primeiro trecho está contido originalmente na obra “The Abbreviation of the Introduction to Astrology” e o segundo trecho consta originalmente na obra “Great Introduction to the Knowledge of the Judgments of the Stars.” Citados por Dykes, mas ambos pertencendo a Abu Mashar. Nestes trechos vemos a repetição do conceito citado por Sahl Ibn Bishr no início deste texto. Vemos a necessidade de uma dignidade maior ou duas menores envolvendo a recepção para que seja considerada de fato perfeita e passamos a saber que existem outras formas de Recepção a serem mencionadas a seguir. Ele ainda reforça algo que falamos na Parte 1 deste artigo, que a recepção pode dar-se por aspecto separativo, mas quando ela ocorre por aspecto aplicativo é ainda mais forte e auspiciosa, e reforço aqui que ela pode dar-se por signo inteiro também – quando o Planeta A está na dignidade de B e ocorre o aspecto entre eles por Signo Inteiro, mas não por orbe, o que seria um indicador de recepção mais fraca, mas ainda sim é uma recepção e deve ser interpretada como tal, tendo menor ênfase que uma recepção aplicativa.  

Agora notemos o seguinte trecho citado anteriormente: “And moreover, if one is arising by as many degrees as another, [or] even if the days of one sign were equal to those of another, or if even the two signs belonged to one Lord.” “Além disso, se um está surgindo em tantos graus quanto outro, [ou] mesmo se os dias de um signo foram iguais aos de outro, ou se mesmo os dois signos pertenceram a um Senhor.” Aqui ele fala de três condições diferentes que envolvem a recepção signos que possuem mesma equivalência, seja por serem regidos pelo mesmo planeta, ou por terem a mesma duração, ou ascenção. Este ponto específico merece nossa atenção e vou discorrer sobre esta parte em um Terceiro Artigo, para não delongar ainda mais este texto.

– E como interpretar uma Recepção?

Sobre isto pretendo desenvolver posteriormente um texto exclusivo sobre Recepção em Astrologia Horária., este ponto também merece nossa atenção e deve ser visto com o tempo e espaço merecidos. Abraham Ibn Ezra, astrólogo do século XI – XII, em sua obra “The Beginning of Wisdom” nos deixa orientações preciosas de como podemos compreender e interpretar as recepções, veja: “Se um planeta recebido fosse uma Fortuna, sua força é aumentada; mas se for uma Infortuna, será diminuído de seu mal.” Aqui encontramos uma preciosa chave. Planetas benéficos ou condições benéficas no mapa envolvidas em Recepção tem seu efeito ampliado e melhorado como vimos também no trecho aqui citado de Abu Ali sobre a Prosperidade do Nativo. E caso esta recepção envolva Planetas Maléficos ou uma condição ruim, estes males são diminuídos, contornados, abreviados de alguma forma, como também vimos no trecho cita anteriormente da obra de Abu Ali sobre o primeiro capítulo que fala da Vida do Nativo, em que ele cita uma condição ruim ligada aos Senhores por Triplicidade do Ascendente Natal e esta condição ruim sendo diminuída pelo fato da Lua estar em Recepção, note que tanto o Ascendente quanto a Lua são significadores potenciais sobre a Vitalidade e a condição de Vida a qual o nativo experimentará, enquanto um Significador trazia amargor, o outro adoçava o Significado e melhorava a condição geral do nativo.

Ibn Ezra ainda nos dá outras preciosas chaves de interpretação: Ele diz que a recepção, dependendo de sua categoria, e aqui provavelmente ele se refere à Mútua Recepção, pode indicar coisas inesperadas que acontecem com o nativo, obviamente para seu bem – melhorando certas condições benéficas ou mitigando certos males, conforme a configuração que estejamos analisando, e se uma recepção fraca, que ele chama de generosidade, estiver envolvida pode indicar uma estima entre as partes, e consequentemente uma melhor fluidez do assunto devido à esta estima ou amizade, mas de modo menos notável do que uma Recepção Mútua. E então percebemos que dentro do tema de Recepções ainda há escalas ou categorias, que tornam esta recepção mais forte ou fraca, capaz de representar grandes benefícios ou apenas um grau leve de melhoria do assunto.

Ficamos por aqui, nesta parte do artigo, no próximo artigo pretendo falar das outras formas de Recepção e os comentários que o Dr. Benjamin Dykes faz sobre este ponto específico, em sua obra “Introdução à Astrologia Tradicional – Abu Mashar e Al-Qabisi.”

Rafael Diniz,
Sírius Astrologia Tradicional.

Bibliografia Consultada:

– Introductions to Traditional Astrology: Abu Mashar & al-Qabisi – Dr. Benjamin Dykes. – The Cazimi Press.
– The Judgments of Nativities – Abu Ali Al-Khayyat, Tradução do Latim por James Holden.
– On Reception, Mashallah – Tradução Clélia Romano.

(Imagem Ilustrativa: Página de título de uma edição alemã de 1504 de De scientia motvs orbis, originalmente de MāshāʼallāhFonte: Typ 520.04.561, Houghton Library, Harvard University)

– Disposição, Recepção e Recepção Mútua em Astrologia Tradicional (Parte 1)

Você sabe quando um Planeta recebe outro em uma Carta Astrológica? A Recepção é importante para vários ramos da Astrologia Clássica, usada em Astrologia Horária, também em Mapas Natais e outras formas de Astrologia. O Texto ficou longo, porém espero que didático! Boa Leitura!

A recepção é uma dinâmica entre planetas, ou uma configuração, muito falada, pouco compreendida e cercada de equívocos. Antes de mais nada, Recepção é algo muito simples de se compreender, mas requer um conhecimento prévio dos fundamentos básicos da Astrologia: Regências Planetárias, Dignidade Essencial e Aspectos.

As recepções podem se dar por signo inteiro ou por orbe, são usadas amplamente em todos os períodos da tradição, tanto em Astrologia Natal, como em Eletiva, Horária, Mundana e Mágica. Para chegar até a compreensão do que de fato é recepção, precisamos entender algumas outras coisas básicas primeiro, que provavelmente muitos dos leitores já conhece, mas outros não – não iremos nos aprofundar nestes conceitos básicos, apenas fazer uma breve introdução para que o leitor possa compreender a linha de raciocínio que nos leva até o conceito das Recepções.

– Regência Planetária: Existem 12 signos, que constituem o Zodíaco. Cada signo é composto por 30 graus de longitude, formando assim uma circunferência de 360 graus, que é a órbita do Sol ao redor da terra, chamada de Eclíptica. Cada um destes 12 signos será a Morada ou Domicílio de um planeta, será Regido por um planeta, do seguinte modo:

Saturno rege Aquário e Capricórnio;
Júpiter rege Sagitário e Peixes;
Marte rege Áries e Escorpião;
Sol rege Leão;
Vênus rege Libra e Touro;
Mercúrio rege Gêmeos e Virgem;
Lua rege Câncer;

Além da Regência por domicílio (Marte rege áries e escorpião, os domicílios de Marte), cada planeta rege um outro signo por exaltação (Marte rege Áries e Escorpião por domicílio, mas rege Capricórnio por exaltação). Deste modo temos:

Saturno rege por Exaltação o signo de Libra;
Júpiter – Câncer;
Marte – Capricórnio;
Sol – Áries;
Vênus – Peixes;
Mercúrio – Virgem;
Lua – Touro;

Até aqui falamos sobre duas formas que um planeta encontra de dignidade essencial – Por domicílio e exaltação. Dizemos que quando um planeta está posicionado no signo de seu domicílio ou de sua exaltação, ele está Dignificado, ele possui Dignidade Essencial. Além destas duas formas de dignidade essencial, um planeta pode encontrar dignidade essencial por outras três formas (Triplicidade Elemental, Termos e Face). Cada signo carrega uma qualidade elemental (fogo, terra, ar e água) e cada planeta está associado, por regência, à um ou mais elementos.
Os signos de Fogo são: Áries, Leão e Sagitário;
Ar: Gêmeos, Libra e Aquário;
Água: Câncer, Escorpião e Peixes;
Terra: Touro, Virgem e Capricórnio.

A triplicidade de fogo é regida pelo Sol, Júpiter e Saturno;
Ar – Saturno, Mercúrio e Júpiter;
Água – Vênus, Marte e Lua;
Terra – Vênus, Lua e Marte;

A sequência dos planetas regentes de cada triplicidade varia de acordo com o mapa que estamos analisando, de acordo com a seita, se é um mapa noturno ou diurno, mas para a compreensão das Recepções isso é indiferente, pois compreendemos que todos os três planetas possuem regência sobre tais triplicidades – independente de ser Dia ou Noite – o fato de ser Dia ou Noite, só altera a sequência destes regentes (1º Regente, 2º Regente e Participante), mas um mapa noturno não faz o primeiro regente do dia perder dignidade ou vice-versa. Um planeta posicionado num signo de sua triplicidade também encontra-se dignificado. Porém, Triplicidade, Termos e Face são chamados de Dignidades Menores, enquanto Domicílio e Exaltação são Dignidades Maiores, isso terá uma importância, como veremos mais a frente. Para visualizar termos e face, é preciso consultar a tabela de Termos EGÍPCIOS e a tabela de Decanatos CALDAICOS (decanato, decano e face é a mesma coisa).

– Aspectos Planetários:

Ao contrário do que se popularizou, aspectos não se dão por Grau, mas por signo. São os signos que se enxergam, a palavra “aspectar” significa “enxergar”. Os aspectos ptolomaicos são o Sextil, Trígono, Quadratura e Oposição – a conjunção não é exatamente um aspecto, é o encontro longitudinal entre dois planetas no mesmo signo, e é tão importante quanto os aspectos ptolomaicos. A natureza dos aspectos é definida conforme a natureza dos signos, e a forma como estes se enxergam.
– O sextil se dá entre signos de mesma natureza diurna ou noturna (Signos Masculinos de Fogo fazem sextil com outros signos Masculinos de Ar / Signos Femininos de Terra fazem sextil com signos Femininos de Água.. etc..), entre o primeiro signo desta natureza à sua direita e à esquerda na disposição do zodíaco.
– O Trígono se dá entre signos de mesmo natureza elemental (Signos de fogo fazem trígono com signos de fogo, signos de terra fazem trígono com signos de terra etc…) à direita e à esquerda na disposição zodiacal.
– A Quadratura se dá entre signos de mesma Modalidade, à direita ou à esquerda. (Signos Cardinais formam quadratura com outros signos Cardinais, Signos Fixos formam quadratura com outros Signos Fixos, Signos Mutáveis quadram signos mutáveis);
– A Oposição se dá em relação ao signo diametralmente oposto, que é de mesma Modalidade (Oposição entre signos Fixos, entre signos Mutáveis, entre signos Cardinais).
– A Co-junção ou Co-presença se dá somente entre planetas no mesmo signo.

Deste modo, para dois planetas se aspectarem é preciso que estejam em signos que se enxergam. A natureza do aspecto dependerá da dinâmica que ocorre entre estes signos, como listados acima. À partir disso podemos observar a orbe de cada aspecto. Basicamente é isto, há muito mais sobre aspectos para ser dito, mas o faremos em novo texto exclusivo sobre este tema.

– Disposição:

Um planeta qualquer pode posicionar-se em qualquer um dos 12 signos. Dizemos que este planeta é DISPOSTO pelo planeta que Rege aquele determinado signo. Como vimos anteriormente, um Signo é regido por vários planetas. Um Signo pode ter um regente por domicílio, outro por exaltação, três regentes por triplicidade, e dependendo do grau onde tal planeta estará colocado esta porção do signo é regida por um determinado planeta por Termos e outro planeta por Face.

• 1º Exemplo de Disposição: Saturno em Câncer.
O Signo de Câncer é Regido por Domicílio pela Lua; por Exaltação por Júpiter; por Triplicidade por Vênus, Marte e Lua; (e ainda tem os termos e face dependendo do grau em que Saturno está.) Deste modo quais planetas são DISPOSITORES DE SATURNO, ou seja: Regentes do Local onde Saturno está? Lua por domicílio; Júpiter por exaltação; Vênus, Marte e Lua por triplicidade.

• 2º Exemplo de Disposição: Marte em Libra.
O regente domiciliar de Libra é Vênus; o regente por exaltação de Libra é Saturno; o regente da triplicidade do Ar ligado a Libra é: Saturno, Mercúrio e Júpiter; (e ainda temos Termos e Face dependendo do grau onde o planeta está colocado.) Deste modo dizemos que Marte em Libra é disposto por Vênus por domicílio; disposto por Saturno por exaltação; disposto por Saturno, Mercúrio e Júpiter por triplicidade. E ainda temos Termos e Face.

*Observe agora a Imagem do Anexo 1:

– Vênus está em Escorpião – É disposta por Marte por domicílio.
– Marte está em Áries – Marte é seu próprio dispositor por domicílio.

Vênus e Marte NÃO ESTÃO EM RECEPÇÃO. Marte NÃO RECEBE VÊNUS.
Marte é o DISPOSITOR DE VÊNUS, pois Vênus está no Domicílio de Marte (Conforme você pode verificar na lista de Regência Planetária no começo do texto.)

Quais Planetas dispõem de Vênus por exaltação? Nenhum. Não existe nenhum planeta regente da exaltação de escorpião, ou que “se exalta” em escorpião.

Quais Planetas dispõem de Vênus por triplicidade? A própria Vênus, Marte e Lua.

Além da disposição Comum, como vimos agora no anexo 1 – Vênus no domicílio de Marte. Se Marte estivesse em Libra, no domicílio de Vênus – Eles estariam em DISPOSIÇÃO MÚTUA. Ou Seja: Um Planeta estaria posicionado no Domicílio do Outro, um Planeta era dispositor do outro, os dois Planetas se dispõem mutuamente, se dispõem ao mesmo tempo. Disposição MÚTUA não é Recepção. Disposição Mútua não é Recepção Mútua. Existe uma “pequena colaboração” entre dois planetas que estão em Disposição Mútua.

*Observe agora a Imagem do Anexo 2:



Na imagem 2 iremos observar Vênus circulada em azul. Vênus está em Áries. Vênus é disposta por Marte. Além de Vênus ser disposta por Marte, ela forma um aspecto com Marte. Quando existe DISPOSIÇÃO somada de um ASPECTO ao planeta DISPOSITOR neste caso sim temos uma RECEPÇÃO. Então dizemos que Marte RECEBE vênus, porque ele está em asecpto com um planeta no seu domicílio! Pronto. Isso é Recepção! A Recepção precisa de DISPOSIÇÃO + ASPECTO para se configurar. Se não tiver aspecto é apenas disposição como vimos no Anexo 1. Se não tiver Disposição e só Aspecto, então é só aspecto mesmo, não é recepção. E é Justamente neste ponto que vemos a grande maioria dos equívocos. Muitas pessoas confundem aspecto com recepção, disposição com recepção, disposição mútua com recepção mútua etc…

Se observarmos mais atentamente, Vênus e Sol estão em conjunção. Sol rege Áries por exaltação. Sol é dispositor de Vênus por exaltação. Opa! Aqui temos Disposição + Aspecto = Recepção. O Sol recebe Vênus por exaltação. Compreendeu o raciocínio?

*Observe agora a Imagem do Anexo 3:


Mercúrio em Touro é disposto por Vênus.
Mercúrio está em conjunção com Vênus.
Mercúrio é Recebido por Vênus.

Touro é regido pela Lua por exaltação. Mas a Lua não forma aspecto com Mercúrio, então a Lua não recebe Mercúrio, apenas Vênus por domicílio.

*Observe a Imagem do Anexo 4:


Lua em Escorpião, Marte em Câncer.
Marte é o dispositor da Lua.
Lua é o Dispositor de Marte.
Marte e Lua estão em Aspecto.
MARTE E LUA ESTÃO EM RECEPÇÃO MÚTUA.
Marte e Lua Recebem um ao Outro. Marte recebe a Lua e a Lua recebe Marte.
Aqui temos uma RECEPÇÃO MÚTUA por DOMICÍLIO. Um planeta está no domicílio do outro, e em aspecto por trígono.

*Observe a Imagem do Anexo 5:


Júpiter em Libra e Saturno em Câncer.
Saturno rege Libra por Exaltação, então é dispositor de Júpiter por exaltação;
Júpiter rege Câncer por exaltação, então é dispositor de Saturno por exaltação.
Saturno e Júpiter estão em Aspecto. Então Saturno recebe Júpiter; Júpiter também recebe Saturno. Os dois recebem um ao outro. Temos uma Mútua Recepção, por exaltação, enquanto os dois planetas formam aspectos de quadratura, por estarem no mesmo Grau e signos de mesmo Modalidade – signos cardinais.

– Tipos de Recepção:

Temos basicamente dois tipos de Recepção:
– Dignidades Maiores. Se um planeta estiver em aspecto ao seu dispositor por domicílio ou exaltação é Recebido por Ele. (Como vimos nos exemplos acima).

– Dignidades Menores. Se um planeta estiver ao mesmo tempo em DUAS dignidades menores de um planeta, e em aspecto com este, é recebido por ele. Exemplo: Se Marte está nos Termos de Júpiter e na triplicidade de Júpiter, e forma aspecto com Júpiter é recebido por Júpiter então. Se Saturno está na Face de Mercúrio e na Triplicidade de Mercúrio, e forma aspecto com Mercúrio, então Saturo é recebido por Mercúrio.

– Há astrólogos que levam em conta apenas 1 Dignidade Menor para configurar Recepção. Mas tenho notado na Tradição que o mais comum é observar se o planeta está posicionado em duas dignidades menores (triplicidade, termos, face) pertencentes ao mesmo planeta, ou em uma dignidade maior (domicílio, exaltação) e forma aspecto.

A disposição mútua é uma pequena colaboração entre os planetas. A recepção melhora a condição do planeta de modo considerável, já a recepção mútua é bem mais forte e melhora de modo acentuado as condições dos planetas envolvidos e dos assuntos que guardam relação com este planeta por regência essencial ou acidental, ou posição.

Na parte 2 deste artigo falarei sobre Recepção por Signo Inteiro X Recepção por Grau, como interpretar Recepção e fontes clássicas que tratam de Recepção, dentre outras coisas envolvendo o tema. Obrigado por ler este artigo, continue acompanhando para maiores informações.

Rafael Diniz,
Sírius Astrologia Tradicional.

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Antíscia e Contra-antíscia – Parte 2

Antíscia e Contra-antíscia – Parte 2


Vimos que o conceito de antíscia se baseia no movimento do Sol e a quantidade de luz que distribui ao longo do dia quando transitando por cada signo, bem como o ponto exato no horizonte leste em que nasce quando atravessa determinados signos. Deste modo, cada um dos signos terá um signo antiscion, um signo reflexivo ou que seja sua sombra. Deste modo a antíscia de câncer é em gêmeos, de leão em touro, de áries em virgem, peixes em libra, aquário em escorpião e capricórnio em sagitário. Agora veremos o que é contra-antíscia.

A contra-antíscia pode ser explicada de várias formas, como signos de mesmo poder, as antíscias se dão com base no Eixo Solsticial, eas contra-antíscias com base no Eixo Equinocial, mas a forma mais prática de se compreender a relação entre signos que formam contra-antíscia é a seguinte: tomaremos como exemplo aqui o signo de Áries. Primeiramente encontramos o seu signo antíscion, neste caso trata-se de virgem. Agora iremos observar qual signo forma oposição ao signo de virgem, que seria peixes. Então dizemos que o signo contra-antiscion de Áries é Peixes! Sim, isso mesmo. É o signo que forma oposição ao signo antíscion. Como se pode ver na imagem anexada. Desta forma temos:

Signo – Antíscia – Contra-antíscia
Áries  – Virgem – Peixes
Touro – Leão – Aquário
Gêmeos – Câncer – Capricórnio
Leão – Touro – Escorpião
Virgem – Áries – Libra
 Libra – Peixes – Virgem
Aquário – Escorpião – Touro
Capricórnio – Sagitário – Gêmeos

O grau simétrico ou complementar,  que vimos sobre antíscia também se aplica para contra-antíscia, será o mesmo grau, com uma orbe mínima aceitável de 3 graus no máximo. Exemplo: Marte em 8 graus de Áries, terá a projeção de seu antíscion para 22 graus de virgem, e projetará seu contra-antiscion para o signo oposto à virgem, ou seja, para o signo de peixes, aos 22 graus de peixes.



Saturno a 17 de Aquário, terá sua antíscia em 13 de escorpião, e sua contra-antíscia no signo oposto, touro, em 13 graus também, e assim por diante.



– Como interpretar antíscia e contra-antíscia?

Podemos observar a aplicação da antíscia e contra-antíscia em natividades através da obra de Firmicus Maternus, no capítulo 29 de seu segundo livro, onde ele toma uma carta com ascendente em Escorpião, Sol e Júpiter em Peixes, Mercúrio e Marte em Aquário, Lua em Câncer, Saturno em Virgem, e Vênus em Touro, como exemplo e faz a delineação da carta usando o conceito de antíscia e contra-antíscia, que terei prazer em replicar aqui em nossa página no futuro. O conceito de antíscia também é aplicado em astrologia horária de modo didático por William Lilly, que observa a antíscia e contra-antíscia dos significadores para determinar o desfecho da questão, quando estes se mostram relevantes.

– Antíscias e Contra-antíscia em Natividades:

As antíscias são consideradas “conjunções ocultas”, conjunções “secretas”, entre dois planetas ou pontos da carta como o ascendente ou MC, e pelo que tenho observado a forma de se interpretar uma antíscia seria praticamente da mesma maneira que se interpretaria uma conjunção corporal. A Antíscia de um determinado planeta recaindo sobre um planeta benéfico seria bom, a antíscia de um planeta recaindo sobre um planeta maléfico pressagia maus augúrios. Além da determinação essencial dos planetas, as antíscias também carregam a determinação acidental dos planetas. Por exemplo, a antíscia do Senhor da Casa da Vida (ascendente) projetada sobre o Senhor da Casa da Morte (casa 8), ainda que sejam planeta benéfico, pressagia mau. Já a contra-antíscia deveria ser analisada de modo similar aos aspectos de oposição, como nos mostra Firmicus Maternus, dando uma ideia de contrariedade, impedimento, obstáculo, conflito, rivalidade e danos. A antíscia tende a ter uma noção de simpatia entre os signos, e portanto entre os pontos envolvidos, mas caso esta relação seja com maléficos essenciais ou acidentais (planetas que governam locais desafortunados) isso pode representar condições adversas e desfavoráveis.

– Antíscia e Contra-antíscia em Astrologia Horária:

Em astrologia horária, quando buscamos por um aspecto entre significadores para determinarmos o desfecho de uma questão e este aspectos não existe, por exemplo: Um Significador colocado em Câncer e o outro em Gêmeos, signos considerados disjuntos ou inconjuntos, podemos observar se existe relação de antíscia entre o grau destes significadores, caso se confirme que estes significadores estão em conjunção oculta, podemos determinar o desfecho da questão de modo similar ao que faríamos se estivessem em aspecto. Com um adicional de que se a questão e o contexto permitir condições ocultas, secretas, a antíscia e a contra-antíscia carrega este sentido também. A contra-antíscia também é capaz de levar assuntos à perfeição, mas com maior dificuldade e esforço, uma vez que sua natureza se assemelha a quadratura e oposição, enquanto a natureza da antíscia se assemelha ao trígono e sextil.

Portanto, se você sabe interpretar aspectos ptolomaicos numa natividade, você sabe agora interpretar antíscia e contra-antíscia. Um Exemplo: Marte formando quadratura ao Regente do Ascendente ou ao Grau ascendente pressagia males para o corpo e a vida do nativo, como acidentes, dores agudas e inimigos. Caso Marte projete sua antíscia sobre o senhor do ascendene ou o grau ascendente, o significado é o mesmo.

No exemplo citado na obra de Firmicus Maternus, ele dá tamanha importância ao conceito de antíscia que ele diz:

“Qualquer pessoa que não conhecesse a teoria dos antíscios e visse o Sol com Júpiter, no mesmo grau, na quinta casa a partir do ascendente – ou seja, na casa da Bona Fortuna – teria predito um pai afortunado, próspero, poderoso e assim por diante, e a mesma coisa para o próprio nativo. No respeitante ao seu exílio e às constantes conspirações contra ele, não teria sido capaz de predizer nada, a não ser que voltasse a sua atenção para a teoria dos antíscios.

Lembram-se que dissemos que Peixes envia um antíscion para Balança e de Balança de novo para Peixes. E assim, o Sol e Júpiter, posicionados juntos em Peixes, enviam antíscio a Balança, neste signo em que fica sem dignidade e debilitado e na décima segunda casa da natividade, ou seja, o Cacodaemon; isto mostra uma origem humilde da família do pai, e para o próprio pai, um escandaloso exílio. Mas Júpiter, cuja força e poder a influência do antíscion transferiu do signo de Peixes para o signo de Balança, localizado na décima segunda casa, ou seja, do cacodaemon, através do antíscio excitou uma grande quantidade de inimigos contra o pai, e contra o próprio nativo, e fez que vencessem.”

Olha só que interessante esse trecho! Podemos depreender muita, mas muita coisa deste pequeno trecho didático! Primeiro: Firmicus projetou a antíscia do Sol, que ia para Libra na casa 12, e o que ele faz? Diz que neste ponto o Sol estava sem dignidade essencial e estava debilitado por estar em casa maléfica, e determinou que esta configuração significava o exílio experimentado pelo Pai do nativo e também pelo próprio nativo. Ou seja, podemos interpretar dignidade essencial, dignidade acidental e o significado da casa, para onde a antíscia de um determinado planeta se projeta – aqui vimos a condição de Exílio, Cadência ou casa desafortunada e o significado da 12 que é exílio e tormentas, revelando que até mesmo a origem do pai era humilde, de baixa classe social. Observe que o Sol é significador essencial do Pai em natividades.

Em segundo lugar veja que Firmicus Maternus leva a determinação local de Júpiter, que estava na Casa da Boa Fortuna, Domiciliado em Peixes, conjunto ao Sol, e projetando sua antíscia para o grau antíscio do Sol e por isso determinando a vitória do nativo e de seu pai sobre seus inimigos, neste caso Júpiter atuando como benéfico e garantindo a melhoria das condições difíceis experimentadas, mitigando os males desta configuração.

Outra coisa interessante de se observar é que Firmicus leva em consideração antíscia por signo inteiro e também por grau, quando ele cita que a antíscia de Marte nesta natividade estava sobre o Grau ascendente, algo que para muitos viria apenas no período Árabe, como já li em várias oportunidades.

“Mas qual a configuração que fez com que este homem se tornasse um adúltero é o que também explicarei: Marte, localizado em Aquário enviava um antíscio a escorpião; assim, o antíscio de Marte encontrou Vênus localizada no descendente no mapa; pois Vênus é desfavorável e indica muitas calamidades se, estando em declinação, localizada no descendente, for afligita por um aspecto hostil de Marte. E, de novo, o antíscio de Vênus, enviado para Leão, estava em oposição à Marte, localizado no Imum Caelum em Aquário; e do Imum Caelum Marte, sem contar o antíscio, estava relacionado com Vênus por Quadratura. De todas estas formas, portanto, através de si mesmos e através dos seus antíscios sobre os pontos cardeais da natividade, Vênus e Marte, quer em oposição, quer em quadratura, atacavam-se entre si com aspecto hostil. Esta configuração fez com que o nativo fosse acusado de adultério.”

Nesta passagem fica muito claro, que o autor está usando antíscia e contra-antíscia, da mesma forma que se usaria conjunção ou oposição naturalmente. Marte quadra Vênus por aspecto ptolomaico, não obstante, estão em contra-antíscia, que tem a natureza de uma oposição, reforçando o testemunho de hostilidade entre Vênus e Marte, significando portanto o adultério, motivo de seu exílio – por adultério, e veja que Vênus na casa 7, no descendente (que represeta danos ao ascendente, ao nativo) se relaciona com Mulheres e com Sexualidade, além de ser o Regente da Casa 12 que é ocupada por Libra. Deste modo o Exílio (casa 12) se relacionava com o adultério (Vênus na 7 em hostilidade com Marte), e este Marte é Regente do Ascendente e tem seu antíscio sobre o grau ascendente, e Vênus se opõe ao ascendente, quadra o regente do ascendente, está em contra-antíscia ao senhor do ascendente e ocupa a casa das parcerias. A contra-antíscia, como vimos, é um aspecto oculto, o que ainda aponta para o intercurso sexual clandestino – o adultério, motivo do exílio temporário do nativo.

Espero que tenham entendido como esta dinâmica funciona. Antíscia é um conceito que acredita-se preceder os gregos, foi usado pelos gregos, citado nas principais obras helenísticas, pelos principais autores, atravessou o período Árabe, Medieval e Renascentista e encontrou campo fértil em Astrologia Horária, sendo utilizada com sucesso a séculos ou milênios.

Rafael Diniz,
Sírius Astrologia Tradicional.


Bibliografia consultada:
– Matheseos, Firmicus Maternus, Edição Biblioteca Sadalsuud.
– Astrologia Cristã, William Lilly;

Antíscia e Contra-Antíscia – Parte 1


Os Planetas ao moverem-se pelo zodíaco, através dos signos, o fazem com velocidades diferentes, e movimentos diferentes. Por exemplo: A Lua é o planeta mais rápido, ela da uma volta completa no zodíaco em 28 dias em média, já Saturno leva em média 28 anos. Mercúrio tem uma elongação máxima de 28 graus, enquanto Vênus 47 graus aproximadamente. O que é elongação? A elongação de um planeta é o ângulo entre o Sol e o planeta, quando observado da Terra, a elongação máxima seria a máxima distância possível neste sentido. Devido a isso Mercúrio fica retrógrado em média 3 vezes por ano, enquanto Saturno por exemplo demora anos para ficar retrógrado.

Dada essa diferença no movimento dos planetas, eles acabam se aproximando, se afastando, se encontrando, indo para pontos muito distantes um do outro, e através disso desenvolvem dinâmicas de relação entre si. Além dos conhecidos Aspectos Ptolomaicos (Sextil, Trígono, Quadratura e Oposição) e da conjunção corporal temos também as Antíscias e Contra-antíscias, que são uma outra forma de “aspecto” que existe. A Antíscia e Contra-antíscia não é exatamente um aspecto, mas uma relação de equivalência entre determinados pontos do zodíaco. E este texto busca falar de modo sucinto como se dá essa relação e ensinar a você como observar essa relação em qualquer mapa astrológico.

No movimento do Sol ao longo do ano, pelos doze signos, o sol nasce em pontos diferentes a cada dia no horizonte leste enquanto transita pelos signos. Exemplo: Se você observar o nascer do Sol no horizonte enquanto ele passa pelo signo de Touro, e depois observar o nascer do Sol enquanto ele passa pelo signo de Sagitário, você irá observar que ele nasce em pontos diferentes do horizonte. Contudo, ele irá nascer ao longo do ano, duas vezes no mesmo ponto do horizonte, em signos diferentes, estes pontos possuem relação entre si, uma relação de “espelhamento”, projeção, sombra, ou como queira chamar, os graus onde o sol nasce exatamente no mesmo ponto do céu são chamados de antiscion, ou antíscia. E na imagem anexada vemos quais signos formam antíscia entre si.

Resumindo, cada um dos 30 graus de um signo, terá um ponto de projeção no zodíaco, dentro de outro signo equivalente. Desta maneira cada signo, formará antíscia com outro signo, como se vê na imagem em que um signo é unido a sua antíscia por uma linha tracejada:


Câncer – Gêmeos
Touro – Leão
Áries – Virgem
Peixes – Libra
Aquário – Escorpião
Capricórnio – Sagitário


Como ver isso em um mapa?


Vamos observar a segunda imagem anexada, de um mapa construído no software Morinus:

Neste carta, vamos observar o planeta Marte e a Lua.
Marte está a 18 graus e 38 minutos de Áries. A lua está em 11 graus e 22 minutos de Virgem. Marte e Lua estão em antíscia. Veja que Áries e Virgem são signos que estão em antíscia, ou seja, são signos que projetam sua sombra um para o outro, ou que são espelhados. Não basta apenas o planeta ocupar estes signos para estarem em antíscia. Além de estarem em signos antíscios eles precisam estar em graus complementares. Por exemplo: Se Marte estivera 10 graus de Áries, a Lua precisa estar a 20 graus de virgem de modo que a soma dos graus destes dois planetas seja igual a 30 sempre. Outro exemplo: Marte a 17 graus de Áries projeta sua antíscia para 13 graus de Virgem. Marte a 27 graus de áries projeta sua antíscia para 3 graus de virgem. Entendeu o raciocínio? Então vamos voltar para o mapa. Marte está a 18º e 38 minutos de Áries, e projeta sua antíscia para 11 graus e 22 minutos de virgem, exatamente onde a Lua está, neste caso dizemos que Lua e Marte estão em antíscia.

Outro exemplo: Touro e Leão formam antíscia.
Se marte estiver a 10 graus de Touro e a lua em 20 graus de leão, estarão em antíscia. Se Marte estiver a 25 graus de touro e a Lua em 5 graus de leão estarão também em antíscia, e assim por diante.

Agora abra sua carta natal e observe a posição dos planetas. Em qual signo está seu Sol? Este signo em que o Sol está forma antíscia com qual outro signo conforme a imagem anexada? Qual o grau do Sol? Ele projeta sua antíscia para qual grau?

Exemplo: Sol em Peixes, projeta sua antíscia para Libra.
16 graus tem sua antíscia em 14 graus de libra.
Sol em 15 graus e 30 minutos de Capricórnio, tem sua antíscia em 14 graus e 30 minutos de Sagitário.

Você tem algum planeta no grau de antíscia do Sol? E da Lua? E dos demais planetas? Comenta aí nos comentários se você entendeu o que é antíscia, e se aprendeu a ver antíscia na sua carta natal. Quais planetas estão em antíscia no seu mapa natal?

Na próxima postagem falarei sobre Contra-antíscia e como interpretar Antíscia e Contra-antíscia!


Rafael Diniz.
Sírius Astrologia Tradicional.


Os Significados das Casas em Astrologia Tradicional – Síntese Final

– Os Bons e Maus Lugares do Céu

“A seguir estão os bons lugares em que é necessário que eles [ou seja, os planetas ou zoidia] estejam colocados. Primeiro, o Horoskopos; segundo, o Meio do Céu; 3º, a Boa Divindade; 4ª Boa Sorte; depois disso, o Descendente; então, o Pivô sob a terra; depois de tudo, o nono lugar, o assim chamado Deus. E esses são os bons lugares.”

Na obra de Hephaistio de Tebas intitulada “Apotelesmática” no Livro 1, na tradução de Robert Schmidt e edição de Robert Hand, do Projeto Hindsight, vemos o trecho acima. Neste trecho o autor cita as Casas que são consideradas Boas, ele se refere à Casa como “local/lugar”. O Primeiro Bom Lugar seria a Casa 1 ou Ascendente, também chamado de Horóskopos que seria algo como “Marcador do Tempo”. O Segundo Bom Lugar seria então a Décima Casa – O Meio do Céu. O terceiro bom lugar seria a casa da “Boa Divindade”, em outras obras chamada de “Bom Espírito” – uma referência à Décima Primeira casa. A quarta boa casa, nesta ordem, seria a “Boa Fortuna”, a quinta casa. E então depois de todas estas casas, daí vem o Descendente – a Sétima Casa, como sendo o quinto Bom Local. O Sexto bom lugar seria o ângulo/pivô sob a terra – ou seja – a Quarta Casa à partir do Ascendente e por último a Nona Casa, chamada de “Deus”, sendo o Oitavo bom Local. As casas boas e afortunadas então seriam, nesta ordem de importância, a casa 1, 10, 11, 5, 7,4 e 9.

“ Os maus lugares são o segundo, o terceiro à partir do Horoskopos, e o oitavo, os dois restantes, que são o sexto e o décimo segundo, são os piores.”

Segundo Hephaistos os Maus Lugares seriam a casa 2, 3, 8, 6 e 12 nesta ordem. Sendo que a Sexta e a Décima Segunda são as piores. Os Quatro ângulos são bons, bem como as casas sucedentes ao Meio do Céu (casa 10) e ao Fundo do Céu (casa 4), que seriam a 11 e 5. Daí então ele leva em conta a Nona Casa, Júbilo do Sol, que forma trígono ao Ascendente. Já a Segunda casa, que na obra de Vettius Valens por exemplo é chamada Portal do Inferno, é considerado um mal local, provavelmente por estar em aversão ao ascendente – assim como as casas 6, 8 e 12 que também são casas desafortunadas e se encontram em aversão ao Ascendente. Já a terceira casa que é inclusa nesta lista é considerada Cadente, assim como as casas 6 e 12. A única casa cadente, que se salvaria, segundo o autor nos apresenta, seria a Casa 9 – muito provavelmente por ser o Local de Júbilo do Sol, a casa 9 inclusive é um Local Hylegiaco, a maioria dos bons lugares são considerados locais hylegiacos, ou seja, quando o Luminar dominante da natividade nelas estão posicionados pode ser considerado o Hyleg da natividade, o Prorrogador da vida ou Doador da Vida, e são casas afortunadas que garantem a expressão da Vitalidade que os luminares carregam. Contudo, as casas que carregam atributos mais difíceis são a 8, 6 e 12, sendo que a 6 e 12 são ainda piores que a 8. A Segunda e terceira casa, entram na lista de “maus lugares” muito provavelmente devido à condição de aversão e cadência à partir do ascendente, o que pode tornar débil a expressão do planeta nelas posicionados, mas não carregam em si mesmas significados ruins como a Casa 8 que se associa com a Morte, a 6 com Doenças e a 12 com Cativeiro e Exílio por exemplo.

Cada uma das 12 casas é ocupada por um Signo, o Regente deste signo é considerado o Regente da Casa e será fundamental na investigação dos temas desta casa. O regente de uma casa essencialmente dignificado e colocado numa destas casas chamadas “Bons Lugares” pressagia bem para os temas da casa na natividade, em maus lugares o contrário. Planetas posicionados nas casas afetam as casas, para bom ou para mau, dependendo se é essencialmente um benéfico ou maléfico, bem como acidentalmente. Por exemplo: Ter o Regente da Casa 6 ou 12, ainda que seja um planeta benéfico essencialmente, quadrando o Regente do Ascendente é um mal sinal.

Al-Qabisi, Astrólogo Árabe, diz que os Ângulos significam “força e avanço”, mas as casas cadentes significam “fraqueza e recuo”, com exceção das casas 9 e 3 que segundo o autor, significa coisas públicas, enquanto as casas 6 e 12 significam “ocultação e estar encoberto (escondido) e a baixa qualidade das coisas”. Mas os Ângulos e seus Regentes significam grandeza de honra e de valor e fortuna, e estar estimulado e longe de cair; e a presença de cadência é o contrário da fortuna: isto é, desgraça e infortúnio.

Já as casas sucedentes aos ângulos significam média fortuna, enquanto os ângulos significam grande fortuna, a casa 11 é sucedente ao Meio do Céu e significa média fortuna proveniente de amigos e de confiança ou fé. A casa 5, que sucede o Fundo do Céu significa média fortuna proveniente de doações/presentes e reverência, também crianças e alegria. A casa 2, que sucede o Ascendente média fortuna por ativos (bens, dinheiro) e proveniente de suboficiais. A casa 8, que sucede o Descendente significa média fortuna proveniente de herança e coisas escondidas, ainda segundo Alcabitius.

– Tríades Angulares e as Épocas da Vida

Como vimos ao longo desta série sobre as 12 casas, cada uma delas se associa também a um período da vida, que para a Astrologia Árabe seria como segue na Imagem anexada, segundo Al-Qabisi.

– Primeira Época:
Casa 12: Antes do nascimento;
Casa 1: Juventude;
Casa 2: Fim da juventude;

– Segunda Época:
Casa 9: Início da meia-idade;
Casa 10: Meia-idade;
Casa 11: Fim da Idade Média;

– Terceira Época:
Casa 6: Antes da velhice;
Casa 7: Em direção à velhice;
Casa 8: Fim da velhice;

– Quarta Época:
Casa 3: Vida antes da morte;
Casa 4: Fim da vida;
Casa 5: Imagem após a morte

No esquema acima, os períodos tem seu início nas casas cadentes ao ângulo, seu ponto principal marcado pelo ângulo e o que vem a seguir sinalizado pela casa que sucede ao ângulo.

– Os Locais de Júbilo dos Planetas

Abu Mashar e Alcabitius dizem que a Primeira Casa é alegria de Mercúrio, a terceira da Lua, a Quinta de Vênus, a Sexta de Marte, a Nona do Sol, A Décima Primeira de Júpiter e a Décima Segunda de Saturno. Cada um dos planetas possui seu júbilo, um local em que se “alegra” e recebe força acidental. Sendo capaz de expressar sua virtude essencial em conformidade com a natureza da casa, de modo mais pleno. Marte se rejubila na sexta casa, isso não diminui seu malefício ao contrário do que tem se popularizado, Marte na sexta casa consegue expressar com maior severidade os males significados por si e por esta casa, como Doenças Agudas e Acidentes. Saturno na décima segunda casa, em Júbilo, não fica menos maléfico ou representa seus significados de modo mais suave, pelo contrário, sua “alegria” consiste em representar com maior severidade Doenças Crônicas, Restrições, Aprisionamentos e Inimigos. Os Benéficos por sua vez, conseguem expressar seus benefícios de modo mais acentuado. Vênus com a Quinta Casa o prazer, arte, beleza, fruição e filhos. Júpiter com a décima primeira: amigos, fé, benesses, bênçãos, aquisição, ganhos e lucro. O Sol, o luminar do dia, se rejubila na Casa 9, a Casa de Deus, sua “luz” aqui se sintoniza com o sentido de Sabedoria, Filosofia, Religião, Oráculos que esta casa carrega. A Lua em relação à Terceira Casa conecta-se com uma forma prática e empírica da prática religiosa, também é o Corpo Celeste mais rápido do céu e se associa nesta casa também com Viagens. Mercúrio se rejubila no Ascendente, a ponte entre Céu e Terra, o “entre-mundos”, o intermédio entre o Superior e Inferior, ele que possui natureza dupla, é hermafrodita, não é benéfico, nem maléfico, e assim como o Ascendente se relaciona à Mente.

Para finalizar esta série de textos sobre as casas, gostaria de esclarecer algo, que tenho notado estar em equívoco e sendo amplamente disseminado: a associação caldaica dos planetas com as casas. Neste sentido Saturno o primeiro planeta no esquema de organização da Ordem Caldaica, se associa com a Primeira Casa, Júpiter com a Segunda, Marte com a Terceira, Sol com a Quarta, Vênus com a Quinta, Mercúrio com a Sexta, Lua com a Sétima, Saturno com a oitava, Júpiter com a nona, Marte com a décima, Sol com a décima primeira, Vênus com a décima segunda. Esta associação é muito válida e tradicional. Contudo, existe aqui uma relação SIMBÓLICA de SIGNIFICADOS entre estas casas e estes planetas que recebem atribuições comuns. No Entanto é muito importante deixar claro que estes Planetas nestas casas não recebem nenhum tipo de dignidade acidental, como no caso dos Júbilos. Os significados comuns aqui citados são, por exemplo: Saturno e Casa 1 – Corpo, Pele, Materialização do Ser num Corpo Físico, Delimitando o Espirito e o Restringindo à um Corpo Material. O Ascendente condensa o espírito do momento, o espírito do nativo, o espírito da questão – essa condensação, materialidade, forma, corpo, limite – são associados à Saturno, o primeiro planeta na ordem caldaica, que dá forma e matéria às coisas. Júpiter se relaciona com prosperidade, riqueza, bens, posses, são significados comuns à segunda casa. Marte é significador essencial de Irmãos e Viagens, bem como a terceira casa. O Sol é significador essencial do Pai, assim como a Quarta Casa e assim por diante. Contudo, estas casas não são Júbilo destes planetas e nem domicílio, nem nada do tipo, e não podem ser consideradas como dignidades acidentais.

Espero que tenham gostado desta Série sobre as Casas!
Em breve darei início a uma Série sobre os Planetas.
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– Obs: Zoidia significa Signo, o conjunto de Zoidias ou Zoidions formam o Zodíaco.

Rafael Diniz;
Sírius Astrologia Tradicional.

Bibliografia Consultada:
– Introductions to Traditional Astrology: Abu Ma’shar & Al-Qabisi. Benjamin N. Dykes – The Cazimi Press.
– Hephaistio of Thebes – Apotelesmatics Book I – Traduzido por Robert Schmidt, Editado por Robert Hand, Project Hindsight.

(Imagem extraída da obra de Abu Ma’shar e Al-Qabisi, citada acima.)

Os Significados das Casas em Astrologia Tradicional – Casa XII


A Décima Segunda casa é considerada cadente do Ascendente, e como se já não bastasse ser Cadente e representar perda de força, ela ainda está em aversão ao ascendente, ou seja, não enxerga o ascendente, e representa aquelas coisas que estão ocultas aos olhos do nativo representado pelo ascendente, o que para a astrologia tradicional é sempre um fator agravante. Esta casa forma oposição à sexta casa que confere júbilo a Marte, e aqui na 12 Saturno encontra seu júbilo. Bem como a sexta casa, a décima segunda é indicadora de adversidades, infortúnios e toda a sorte de mazelas e danos, portanto é considerada uma casa desafortunada e capaz de afligir os Significadores nela posicionados.

Na obra do Astrólogo Árabe Al-Biruni intitulada “The Book of Instruction in the Elements of the Art of Astrology”, no Capítulo sobre “Indicações Especiais das Casas Peculiares às Natividades” vemos as principais atribuições ligadas a Casa 12: “Inimigos, miséria, ansiedades, prisão, débitos, penalidades, fianças, medo, adversidade, doenças, desejos gestacionais da mãe, gado, asilo, escravos, serventes, exércitos, exílio, tumultos.”

Para o Árabe Abu Mashar a Casa 12 se relaciona com “sofrimento, inimigos, prisões, [inveja e calúnia], dores, necessidades [e animais de montaria].” Para o Árabe Alcabitius a Décima Segunda é a casa “dos inimigos e do trabalho e da tristeza, da inveja e dos sussurros, dos truques e artifícios e dos animais [para cavalgar]. E significa o que acontecerá com as mães em sua concepção, em termos de bem ou de mal. Al-Andarzaghar disse: o Primeiro Senhor da Triplicidade da casa dos inimigos significa Inimigos, o Segundo significa Labor, mas o terceiro significa Bestas [para cavalgar] e Animais de Rebanho.” Tanto na descrição de Al-Biruni, quanto na descrição de Alcabitius vemos uma ligação entre a Casa 12 e coisas que ocorrem antes do nativo nascer, ligadas ao período gestacional e com sua mãe inclusive.

Ainda estudando as obras Árabes, chegamos a Abu Ali Al-Khayyat, Astrólogo que viveu entre os séculos VIII e IX. Al-Khayyat diz que devemos observar o Décimo Segundo signo e seu Regente, os planetas posicionados na décima segunda casa, a Parte dos Inimigos e seu Regente e por fim para Saturno para darmos Julgamento sobre os Inimigos e as coisas significadas pela Casa 12, como podemos ver no Capítulo 36 de sua obra. É interessante notar que existe um critério, um método de investigação dos temas relacionados às casas e é importante observarmos não apenas posicionados nas Casas, mas também os planetas que possuem Regência sobre a mesma, bem como planetas que são significadores essenciais do tema analisado, assim como os Lotes ou Partes que se relacionam com tais temas, obedecendo a uma hierarquia de prioridades e critérios de análise pré-definidos para determinar o bem ou mal de cada tópico e demais assuntos concernentes à estes tópicos.

Falamos então sobre as 12 Casas e seus significados para a Astrologia Tradicional, conforme as obras clássicas. Farei em breve um último texto sintetizando este estudo, que é básico e estrutural para a compreensão da Astrologia. Espero que tenham gostado, os demais textos referentes às outras 11 casas estão em nossa página, dá uma conferida!

Rafael Diniz;
Sírius Astrologia Tradicional.

Bibliografia Consultada:
– Introductions to Traditional Astrology: Abu Ma’shar & Al-Qabisi. Benjamin N. Dykes – The Cazimi Press.
– The Judgmennt of Nativities, Abu Ali Al-Khayyat. Tradução James Holden.
– The Book of Instruction in the Elements of the Art of Astrology – Al-Biruni.