A Décima Primeira casa é considerada sucedente em relação ao Ângulo do Meio do Céu, portanto está vinculada a este ângulo e muitos de seus significados estão associados ao mesmo, uma vez que as casas sucedentes dão “suporte” às casas angulares, como veremos a seguir. Os antigos chamavam esta casa de Agathos Daemon, Bom Daemon, Bom Espírito, ou seja, uma casa que representaria Benesses Celestiais (espírito) por tratar-se inclusive de uma casa posicionada no hemisfério superior/celeste da esfera, enquanto a casa diametralmente oposta à ela, a quinta casa, que se localiza no hemisfério inferior da esfera relaciona-se à Benesses Terrenas (fortuna), deste modo a Casa 11 é chamada Agathos Daemon / Bom Espírito , enquanto a Casa 5 é chamada Agathos Tyche / Boa Fortuna; A Casa 11 é o local onde Júpiter, o Grande benéfico se rejubila, o benéfico diurno. Enquanto a Casa 5 é o local de Júbilo de Vênus, o pequeno benéfico, o benéfico noturno. Ambas são casas afortunadas, benéficas.
“Felicidade, amigos, inimigos, preocupação com o outro mundo, oração e louvor, amizade de mulheres, amor, vestido, perfume, enfeites, comércio, longevidade.” – The Book of Instruction in the Elements of the Art of Astrology – Al-Biruni.
Uma curiosidade é que tanto Al-Biruni quanto Abraham Ibn Ezra fazem associação a “amor” ligada à esta casa. Acredito que a associação que Al-Biruni faz desta casa com “inimigos”, uma vez que esta casa esteja vinculada à pessoas próximas, que dão apoio ao nativo, essa inimizade talvez ocorra quando a Casa e/ou seu Regente estejam mal configurados, aflitos, neste caso poderia simbolizar por exemplo que os amigos do nativo poderiam se tornar seus inimigos ou o nativo sofrer danos oriundos de seus “amigos”. Abu Ali Al-Khayyat por exemplo, cita em sua obra, que Marte posicionado nesta casa pode causar a “inimizade dos amigos”.
“A décima primeira, a da esperança, fortuna, riquezas, fama, companheiros.” – Abu Mashar
Como dito acima, esta casa se conecta com vários atributos ligados à Casa 10, e na descrição de Abu Mashar vemos isso de modo explícito. A décima casa se liga à reputação, carreira, ações e profissão do nativo, a décima primeira por sua vez já possui relação com riqueza, ganhos, fortuna, fama, companheiros que muitas vezes ajudam o nativo à elevação de seu Status e/ou Carreira – os bons amigos. Este é o local de Júbilo de Júpiter, portanto possui muitos atributos de natureza Jupteriana como esperança, fé e boa fortuna.
“A décima primeira casa: de confiança, fortuna e louvor, também amigos e suboficiais, [recompensa, roupas, perfumes, dignidade, afeto e alegria];” e isso significa o fim da metade dos anos de vida e o depois da metade da vida. “Al-Andarzaghar disse: o Primeiro Senhor da triplicidade desta casa significa Fé/Esperança, e o Segundo significa Amigos, o Terceiro significa a utilidade dos amigos.” – Al-Qabisi
Como já vimos nas postagens anteriores, Al-Andarzaghar nos ensina sobre um método específico de observar os três regentes por triplicidade de cada uma das 12 casas, e cada um destes regentes se associa com uma temática vinculada à casa, como pode ser observado na obra “Introductions to Traditional Astrology: Abu Ma’shar & Al-Qabisi.” Na tradução de Benjamin N. Dykes para o inglês.
Rhetorius diz que esta casa chama-se Bom Daemon e Epanaphora do MC. Benéficos aqui posicionados, gozando de dignidade essencial por domicílio, exaltação, termos ou face, significa grande riqueza e ações ilustres. Ele ainda nos diz que Lotes e/ou seus Regentes, o Regente dos Ângulos ou de outras Casas, ou Regentes da Triplicidade de alguma casa, posicionados na Casa 11 significa toda sorte de coisas boas, mas se tiver o aspecto dos maléficos ou estiver sob os raios do Sol, ou em sua própria queda estando na 11, ou sofrendo oposição ou retrógrado enfraquece a bondade da casa, e logo vem a diminuir seus efeitos. Do mesmo modo, os maléficos posicionados nesta casa tendo Significado para a natividade, ou seja, atuando como Governantes de Lotes, Casas ou Triplicidade, sem quaisquer aflições (estar sob os raios do Sol, em detrimento ou queda, sofrendo oposição ou retrógrado) torna o nascimento bom e aumenta as coisas boas e diminui as coisas ruins. Ainda no mesmo capítulo de sua obra que versa sobre a Casa 11, dentre várias outras coisas, Rhetorius diz que a décima primeira casa é o Júbilo de Júpiter e possui relação com filhos. Ele também nos ensina que Saturno aqui posicionado, em natividades diurnas, com o Sol na ascendente, e neste caso eles se enxergariam por Sextil por signo inteiro, neste caso Saturno concede Reinos e Lideranças lentamente, mas se além disso Saturno recebe a conjunção da Lua Crescente, ele concede coisas boas em sua totalidade e posição de Grande Autoridade. Então se acalme, se você tem Saturno nesta casa, é preciso analisar a carta como um todo antes de determinar que um maléfico aqui posicionado significará apenas infortúnios. No entanto, Saturno posicionado nesta casa em natividades Noturnas, segundo Rhetorius, indica aqueles que são mais lentos em seus empreendimentos e mais lentos em suas ações; alguns deles também são privados de suas próprias propriedades e perdem coisas que adquiriram.
No Capítulo 35 da obra de Abu Ali Al-Khayyat, “Os Julgamentos das Natividades”, ele fala sobre os Amigos, e sugere que analisemos a condição da Casa 11, planetas nela posicionado e seu Regente, o Lote dos Amigos e Vênus. Se muitos destes estiverem bem configurados na natividade, é indicador de que o nativo terá muitos amigos, associados e boa sorte. Mas se estiverem mal configurados o nativo terá poucos amigos, poucos associados e seus bens serão escassos.
De todo modo, esta é uma casa Hylegiaca, Benéfica, Afortunada, e queremos encontrar sempre os Regentes de locais importantes nela posicionados, bem como ter o regente desta casa bem configurado na carta. Espero que tenham gostado do texto! Deixe seu comentário, seu “curtir” e compartilhe com amigos se você gostou do texto. Em breve trarei à vocês o texto sobre a Casa 12. Um abraço e obrigado por estar aqui!
Rafael Diniz;
Sírius Astrologia Tradicional.
Bibliografia Consultada:
– Introductions to Traditional Astrology: Abu Ma’shar & Al-Qabisi. Benjamin N. Dykes – The Cazimi Press.
– The Judgmennt of Nativities, Abu Ali Al-Khayyat. Tradução James Holden.
– Compêndio Astrológico Contendo Sua Explicação e Narrativa de Toda a Arte da Astrologia – Rhetorius, O Egípcio. Tradução do Grego por James H. Holden.
– The Book of Instruction in the Elements of the Art of Astrology – Al-Biruni.
(Imagem do Pôr do Sol sobre um Campo Abundante de Trigo)
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