Seria possível identificar verdades e mentiras, sobre situações, pessoas ou eventos por meio da Astrologia? O seguinte texto é uma tradução livre do artigo original escrito por Nina Gryphon em seu Site “Nina Gryphon – Astrology meets magic.”, cujo título original é “A Story about a Story: Lies in a Horoscope”, que pode ser lido na íntegra, em inglês, no seguinte link: http://www.ninagryphon.com/story-about-a-story-lies-in-a-horoscope/.
A Tradução e Reprodução do texto abaixo em nossa página foi devidamente autorizada por Nina Gryphon. Thank You, Nina! Para quem não sabe, a “Pars Futurorum” citada no texto refere-se à Parte do Espírito, como é comumente conhecida. Boa leitura!
– Uma História sobre uma História: Mentiras em um Horóscopo
Você já desejou poder distinguir a verdade da mentira em um horóscopo? Um astrólogo faz isto apenas usando um horóscopo de evento. Uma história foi contada ao famoso astrólogo Abu Ma’shar, sobre outro astrólogo talentoso na corte real de Bagdá que desmascarou um suposto milagreiro como charlatão. Um mago autodidata havia dito ao rei Ma’mun [o filho de Harun al-Rashid em destaque nas Mil e Uma Noites] que ele poderia fazer maravilhas. O rei pediu aos astrólogos que lançassem um horóscopo no local para determinar se o milagreiro estava dizendo a verdade.
O horóscopo tinha o Sol e a Lua conjuntos ao Ascendente ao minuto, com o Lote da Fortuna e a Pars Futurorum conjuntos ao Ascendente [como seria de esperar]. O signo ascendente era Capricórnio e Júpiter em Virgem em trígno ao Ascendente, enquanto Vênus e Mercúrio estavam colocados em Escorpião. Com base nesse testemunho, os astrólogos julgaram que o homem deveria acreditar. Mas um astrólogo permaneceu calado, e o rei, percebendo isso, pediu que ele expressasse seus pensamentos. O astrólogo disse que o horóscopo mostrou que o homem praticava as artes de Vênus e Mercúrio, pelas quais os milagres são alegados, mas não são reais. Segundo ele, a verdade [“verdadeiros problemas”] pertencia a Júpiter, mas porque aqui Júpiter apresentava o aspecto do Ascendente, significava o contrário.
O operador de milagres mostrou ao rei um anel que ele tinha, esculpido com duas imagens, que era modelado de modo que, se outra pessoa o usasse, ele continuaria rindo contra sua vontade e não pararia até que ele removesse o anel da mão. Ele também tinha uma caneta que faria com que a mão de outra pessoa ficasse paralisada se tentasse usá-la. Ele admitiu que havia aprendido esses truques com os “livros stichomantic”. O astrólogo dissidente disse que o truque do anel era Venusiano e a caneta era Mercurial, mas eram meros enganos, sobre os quais o homem desistiu e admitiu não ser um profeta.
Ao ouvir a história, Abu Ma’shar concordou que o horóscopo provava que o mago era de fato um mentiroso, porque o Ascendente era tropical [signo cardinal, implicando instabilidade e mentira no contexto do discernimento da verdade], com Júpiter em Virgem, um sinal contrário [detrimento de Júpiter] e sob os raios da Lua [o planeta de constantes mudanças e corrupção]. Abu Ma’shar também observou que Vênus e Mercúrio foram colocados em Escorpião, o signo da falsidade.
Esta história está na tradução de Lynn Thorndike de 1954 de um manuscrito, Albumasar em Sadan, uma coleção de anedotas sobre o famoso astrólogo Abu Ma’shar de Bagdá, provavelmente compilado pelos estudantes e admiradores de Abu Ma’Shar. A história ensina algumas dicas úteis para identificar mentiras em um horóscopo para um evento ou horário. No entanto, também leva à preocupação de que durante o reinado do Rei Ma’mun (r. 813-833) e, de fato, durante toda a vida de Abu Ma’shar, nunca houve uma lua nova em Capricórnio, acompanhada por Vênus em Escorpião. enquanto Júpiter estava em Virgem. Mercúrio nunca poderia estar em Escorpião enquanto o Sol estava em Capricórnio, pois sua máxima elongação é de 28 graus. Para uma história que trata do discernimento de mentiras em um horóscopo, a história em si tem problemas, embora a análise astrológica seja sólida. Talvez seja uma anedota didática que ilustra um ensino de Abu Ma’Shar sem implicá-lo diretamente.
Autor: Nina Gryphon
Tradução: Rafael Diniz
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